Perda de fios pode ser genética ou de origem multifatorial e nem sempre é irreversível

Diz a letra do samba que é “dos carecas que elas gostam mais”, mas para os homens essa não é uma premissa verdadeira. Para muitos, a falta de cabelos traz vergonha e até diminui a autoestima. A alopecia androgênica, ou calvície, tem origem genética e hereditária e pode levar à perda total ou parcial dos cabelos. Entretanto a existência de um ou mais casos na família não significa que, necessariamente, a calvície se manifestará.

A doença atinge pessoas de ambos os sexos, sendo mais comum entre os homens, pois está relacionada à testosterona, hormônio masculino. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 80% dos homens com mais de 80 anos sofrem do problema. “Normalmente a alopecia aparece entre os 20 e 30 anos de idade. Mas ela pode iniciar a partir dos 15, 16 anos quando se entra na puberdade, com a quantidade maior de hormônios no corpo”, explica o dermatologista Vinicius Fontenele de Meneses (CRM: 2132 – PI).

Os primeiros sinais da calvície são cabelos mais finos e com crescimento mais vagaroso devido ao enfraquecimento da raiz do cabelo, ou bulbo capilar. Depois acontece a morte ou atrofia do bulbo e não crescem novos fios. A falta de cabelo normalmente começa na frente da cabeça, nas chamadas entradas, e depois segue para a parte central e superior. Restando apenas os cabelos das áreas laterais e posterior da cabeça.

No entanto, nem toda queda de cabelo é sinal de calvície. Enquanto um é genético, o outro é multifatorial e pode ter origens diversas como problemas hormonais, fumo, álcool, sono de baixa qualidade, estresse, uso excessivo de tinturas, descolorantes e alisantes, anemia e carência de algumas vitaminas e nutrientes como o ferro. Tudo isso pode comprometer o crescimento e a vitalidade dos cabelos e resultar numa queda de cabelo maior do que o normal.

Por isso, ao constar uma queda acentuada de fios é importante procurar um médico dermatologista. É ele quem vai diagnosticar se o caso é ou não de alopecia androgênica. Além disso, a indicação do tratamento mais apropriado vai depender de cada caso, pois o quadro clínico varia muito de paciente para paciente.  “Quando se fala de calvície ela é essencialmente genética. Existem outras quedas de cabelos que não são genéticas, mas sim transitórias. Já a calvície é uma queda definitiva. Por isso quanto mais cedo se inicia a terapêutica melhor os resultados. Primeiro é preciso fazer o diagnóstico de exclusão de outras patologias como uma disfunção hormonal ou de tireóide que pode determinar essa queda também. Então, é muito importante fazer os exames para descartar outras possibilidades”, analisa o médico.

Tratamentos ajudam a recuperar autoestima dos homens

Antigamente quando os fios começavam a cair, os homens se preocupam em buscar formas de disfarçar, como raspar totalmente a cabeça ou tentar esconder as falhas com penteados e outros recursos. Hoje existem diversos tratamento usados para a prevenção da queda de cabelos ou na tentativa de recuperar os fios já perdidos. Quanto mais cedo for diagnosticado o problema e for feita a prescrição de um tratamento apropriado, maiores são as chances de controle da perda capilar. Mesmo assim a resposta ao tratamento varia de pessoa para pessoa, pois cada indivíduo responde de uma forma às medicações.

Os tratamentos incluem o uso de substâncias aplicadas diretamente no couro cabeludo (loções) ou medicamentos por via oral, ambos visando o prolongamento da vida útil dos folículos retardando ou interrompendo o processo de queda dos cabelos. De acordo com o dermatologista, o medicamento age naqueles fios que estavam afinando. “Aquele pelo que já estava afinando você consegue interromper e fazer uma revitalização. Mas o paciente vai ter que usar o medicamento até os 40-45 anos que é quando começa a ter uma queda na testosterona”.

Apesar de o tratamento oral impedir a progressão da queda e alguns pacientes terem uma recuperação em torno de 10 a 20% dos fios muitos ainda evitam tomar o medicamento com medo dos efeitos colaterais que incluem a diminuição da libido sexual. “Em torno de 2 a 3% dos pacientes vão ter diminuição da libido. Então é um percentual muito baixo se a gente for levar em conta os benefícios que o produto vai trazer diante do risco dos efeitos adversos. Existe muito mais um mito que o paciente vai tomar o medicamento e diminuir a libido do que ser real isso”, esclarece o especialista.

Para os pacientes que perderam muito cabelo ainda restam os implantes ou transplantes capilares que atualmente são feitos com técnicas modernas que trabalham fio a fio. Resultando em um aspecto bem mais natural do que os primeiros procedimentos, nos quais a cirurgia era realizada em tufos, ou seja, eram implantados grupos de unidades foliculares. Desse modo, o resultado da cirurgia era artificial, resultando em um “cabelo de boneca”.

A cirurgia é realizada sob anestesia local e sedação. O médico especialista retira, da região lateral e posterior do couro cabeludo, faixas de cabelo, cortam os fios de modo a retirar-lhes os folículos pilosos e os implantam na área rarefeita do couro cabeludo.  Esses cabelos, normalmente, não caem mais. O procedimento tem duração média de 5 a 7 horas. Não há necessidade de internação, o paciente recebe alta no mesmo dia. Após a cirurgia parte dos fios implantados caem. O resultado definitivo aparece entre 8 meses a 1 ano após o procedimento.

O veterinário Raimundo Neto sofria com a calvície desde os 33 anos, mas até os 50 anos nunca havia procurado nenhum tipo de tratamento para retardar o problema. Para o paciente a calvície lhe trazia um aspecto envelhecido e prejudicava sua autoestima. Além disso, ele acreditava que a cirurgia fosse mais complicada e dolorosa. Ao se informar mais, viu que não tinha risco e decidiu realizar o procedimento. Neto afirma que muitas pessoas notam que ele está diferente, mas não associam a mudança aos cabelos. “O investimento vale a pena. Estou com aparência de mais novo. Muita gente pergunta se emagreci e quem não me conhece não percebe porque o resultado é bem natural”.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional São Paulo (SBD/SP) (https://www.sbd-sp.org.br/geral/perda-de-fios-pode-ser-genetica-ou-de-origem-multifatorial-e-nem-sempre-e-irreversivel/)

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